segunda-feira, 30 de julho de 2007

O castelo quase veio abaixo, ou como usar botas de Aladino e não ser ridículo (a resposta é: tocando punk-cigano)
O concerto de encerramento do FMM no castelo de Sines — porque a festa continuou no palco da praia — foi avassalador. Gogol Bordello, um colectivo de sete músicos, dos EUA à Ucrânia, apresentando-se como uma proposta de punk-cigano, tocou sem interrupção durante uma hora e meia. Literalmente. E sempre num ritmo alucinante.

O tradicional fogo de artifício que fecha o festival disparou durante o concerto, criando um cenário extasiante — os tipos pulando e gritando em palco e os foguetes luminosos rebentando por detrás deles, foi lindo! O público esteve sempre aos saltos, os braços sempre no ar, e desconfio que houve mosh ali junto ao fosso. E os gajos ainda voltaram para dois encores.

Vejam os vídeos e imaginem como foi em Sines. Depois comprem bilhete para Paredes de Coura, pois estes senhores vão lá fechar uma das noites. Imperdível.









domingo, 29 de julho de 2007

Um clássico revisitado pelo funk-rock argelino
O Festival Músicas do Mundo (FMM), em Sines, é provavelmente a melhor proposta festivaleira nacional. Ou se paga 70eur para ver aqueles que se repetem nas rádios e na TV, e também ano após ano nos sudoestes ou nas paredes; ou se paga 10eur/dia, entre oito à escolha, e se parte à descoberta dos sons mais insuspeitos, mais distantes e mais desconhecidos, totalmente descomprometido. Foi essa a minha escolha, à nona edição, com o compromisso do regresso em 2008.

Só no FMM se pode apreciar este clássico



Revisitado desta maneira



Pelo “camarada” argelino



Rachid Taha e sua banda, naquilo que chamo de “folk argelino com momentos funk-rock ali do Magrebe”, cantado em árabe ou em francês, marcou o penúltimo dia do FMM, sexta-feira.

Embriagado quanto-baste (felizmente não muito), Rachid deu um espectáculo divertido e envolvente. O público respondeu à altura, dançando muito — eu, que sou pé-de-chumbo, “abanei-me” bastante... ele há coisas que estão a mudar... ou então e muito simplesmente: ao som disto, como não? —, e os encores sucederam-se até perto das quatro da manhã. O cenário esteve perfeito: o castelo de Sines — com o chão coberto de feno (e hortelã, ao início da tarde, pra disfarçar cheiros) — repleto de gente. E nunca um alaúde soou tão rock.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Obrigadinhos, pá!
Assim, em linguagem que tu conheces. Ou preferes em inglês, dado que mal falas português?

Pessoalmente, Joe, acho-te um palerma e um escroquezito; e que os media te deram de bandeja um agendamento sui generis, onde comentaste tudo (do Governo ao BCP), e sem nunca perguntarem onde e como arranjaste essa fortuna “do cartão ao ouro”, de analfabeto especulador, com pretensões a ser um Gulbenkian, contudo inglórias dado o populismo dos futebóis, e criar valor acrescentado 'tá quieto, que tu é mais bolos, de preferência já feitos, p'ra depois revenderes. (tenho mesmo mau feitio)

Mas, não fosses tu a tomar de assalto o Centro de Exposições do CCB e eu nunca veria o World Press Photo no Museu da Electricidade. Deve ficar um cenário espectacular. Assim como tu. “Bem hajas!” (ou “bem ajas?”)

World Press Photo em Lisboa, entre 17 de Agosto e 9 de Setembro, no Museu da Electricidade.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

They don't know how it really feels
Do they?
Holidays. É mais isso, holidays.

“Superstar”, de David Fonseca, num vídeo catita.

terça-feira, 10 de julho de 2007

Descarregar para ouvir enquanto se lê

Um hálito de sonho

E não há muitas palavras que expliquem nem lotes de Colgate contrafeitos que cheguem para me contrariar. Porque eu vejo como vejo. E aqui sou rei e senhor.
Mesmo quando me magoo. Rei e senhor.
Mais rei, que senhor.
Rei sem reino.
Onde está a cerca? Quero mandar construir um palácio. Onde haverá sempre música e uma baqueta de metal a riscar o prato. Eu aprenderei o piano, só para te embalar. E o António será visita frequente. Porque o coronel Aureliano Buendia morreu no livro. Não te arrepias? “Se me tivesses beijado tinha sido tão diferente”. Garantes? “Estou só a dizer...” Estás a ver se me distrais... (sorri) Olha que eu não quero pensar. Só quero escrever. Deixa-me escrever, sim? “Escrevemos porque ninguém nos ouve.” Eu escrevo para que me vejas. (e como quem pede, grave) “Recorda, só; não si...” Sim, descansa. (interrompi) A razão está do teu lado. Consigo vê-la. E nem preciso subir à torre do meu palácio. “Vê-se bem, não é?” (silêncio, e depois) Achas que vai ser fácil? “Hondt é; Duverger e os outros já não digo.” Tenho dois dias. “Aproveita.” (virou costas; os cabelos castanhos caindo entre as omoplatas, dois ou três sinais na pele morena)
Já te disse hoje, sem ser logo de manhã, depois de acordar, quando já vestiste o vestidinho branco curto que contrasta com as tuas pernas bronzeadas, as alças fininhas nos teus ombros queimados, o decote que mostra um pouco mais da curva dos teus seios — esse sinal aí à esquerda —, os teus pés descalços no chão fresco que sabe tão bem porque é Verão, os teus olhos que não me olham enquanto sorris, matreira, e despejas o leite na tigela dos cereais, e eu sigo as tuas sobrancelhas e a tua boca e as tuas mãos com a atenção e o desejo de quem desenha um nu; já te disse hoje? Já te contei hoje, porque não sei cantar, ou já terei posto hoje a tocar, quando saíste do duche, aquela canção em que o Jorge diz que “fazes pinturas de sonhos, e pintas o sol na minha mão”, já?
Já te disse hoje que tens um hálito de sonho?


“Um hálito de sonho”, a música que sonoriza e dá nome a este rabisco, faz parte de “Movimentos Perpétuos, Música para Carlos Paredes” (2003)
Pode seguir-se a agenda de João Lobo, um dos intérpretes, aqui

terça-feira, 3 de julho de 2007

Sabes o que é que eu queria mesmo?
Que isto fosse simples.