“Depois, num daqueles acessos de lucidez que aproveitam uma rara aberta no entupimento alcoólico para se precipitarem em direcção às cordas vocais antes de serem apanhados na confusão, tal é a ganância patética de serem exprimidos, não vá nunca mais surgir a ocasião apropriada, alinhavou uma frase inteira e, para mais, correctíssima: «Até para a maionese, a minha avó usava um bocadinho de azeite e um bocadinho de óleo Fula… É verdade, Benza-a Deus!»”
um habitual
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“Suponhamos que vejo diante de nós uma rapariga de modos masculinos. Um ente humano vulgar dirá dela, «Aquela rapariga parece um rapaz». Um outro ente humano vulgar, já mais próximo da consciência de que falar é dizer, dirá dela, «Aquela rapariga é um rapaz». Outro ainda, igualmente consciente dos deveres da expressão, mas mais animado do afecto pela concisão, que é a luxúria do pensamento, dirá dela, «Aquele rapaz». Eu direi, «Aquela rapaz», violando a mais elementar das regras da gramática, que manda que haja concordância de género, como de número, entre a voz substantiva e a adjectiva. E terei dito bem; terei falado em absoluto, fotograficamente, fora da chateza, da norma, da quotidianidade. Não terei falado: terei dito.”
uma redescoberta
terça-feira, 23 de dezembro de 2003
sábado, 20 de dezembro de 2003
terça-feira, 16 de dezembro de 2003
Era Saddam
Mas podia ter sido o Apolinário, que dorme ali na Almirante Reis
Encontraram Saddam Hussein. Estava num buraco exíguo e sujo, com uma mala de dólares americanos e uma pistola. O cabelo desgrenhado e a barba longa espelhavam a organização, a força da nação e exército iraquianos. E sobretudo o infindável arsenal de armas de destruição de massa – esparguete, rosquinhas ou cuscus. Não se viu? Temível!
No dia seguinte, a imagem do sem-abrigo Saddam correu o mundo, estampada em capas de jornal e acompanhada de uns garrafais “Apanhámo-lo” ou coisa do género. Por cá não foi muito diferente. Contudo, destaco a sobriedade da capa do Público, envolvendo a imagem do barbudo numa imensa moldura negra, podendo ler-se “capturado” – já o interior, era merda daquela de cagalhão enorme de Rotweiller com desinteria, esculpida pela sabedoria do editorial de José Manuel Fernandes; o Diário de Notícias optou por uma pequena e antiga fotografia de Saddam fardado, remetida para um canto – o conteúdo, não o li, portanto, mea culpa.
O que eu dava para poder ter estado em ambas as reuniões de fecho…
Mas podia ter sido o Apolinário, que dorme ali na Almirante Reis
Encontraram Saddam Hussein. Estava num buraco exíguo e sujo, com uma mala de dólares americanos e uma pistola. O cabelo desgrenhado e a barba longa espelhavam a organização, a força da nação e exército iraquianos. E sobretudo o infindável arsenal de armas de destruição de massa – esparguete, rosquinhas ou cuscus. Não se viu? Temível!
No dia seguinte, a imagem do sem-abrigo Saddam correu o mundo, estampada em capas de jornal e acompanhada de uns garrafais “Apanhámo-lo” ou coisa do género. Por cá não foi muito diferente. Contudo, destaco a sobriedade da capa do Público, envolvendo a imagem do barbudo numa imensa moldura negra, podendo ler-se “capturado” – já o interior, era merda daquela de cagalhão enorme de Rotweiller com desinteria, esculpida pela sabedoria do editorial de José Manuel Fernandes; o Diário de Notícias optou por uma pequena e antiga fotografia de Saddam fardado, remetida para um canto – o conteúdo, não o li, portanto, mea culpa.
O que eu dava para poder ter estado em ambas as reuniões de fecho…
A puta de Woody não usa aparelho
O postal que Paula Moura Pinheiro fez da “Puta de Mensa”, de Woody Allen, em que um mecânico procura prostitutas intelectuais, incorrendo em adultério não carnal, deixou-me imaginando o pequeno Woody, com os seus óculos, a sua figura pitoresca, discutindo atabalhoadamente, gaguejando e em estilo neurótico, literatura de primeira água, contrapondo mulheres louras, altivas, seguras, frias, fatais. Por mais argumentos que esgrima, vejo-o às voltas num quarto de motel, hipocondríaco, perturbado, louco, mas completamente embrenhado, devoto, discutindo intensamente, veloz, caótico, em estridente crescendo, até ao brado, à alucinação, à submissão, clímax, ejaculação, orgasmo, explosão intelectual.
(Se só “Hollywood Ending” me levou, seriamente, a ver Woody Allen, agora é certo procurá-lo. Na película e no papel.)
Mas serviu a “Puta de Mensa” para Paula Moura Pinheiro discorrer sobre o estigma daqueles que ousam cultivar-se:
“Porque em grupos alargados, em locais públicos, não se pode provocar conversas sobre o que se lê ou o que se pensa sem que sobre nós impenda a suspeita horrível da intelectualidade. Em Portugal, dizer-se de alguém que é um intelectual, é insultá-lo do pior. É considerá-lo de uma pretensão intolerável, que tem a mania de se fazer interessante, especial. (…)
Hoje, volvidos trinta anos de intensivo investimento na alfabetização, só a leitura dos rótulos dos produtos de grande consumo parece ter beneficiado francamente. E não se confunda o novo apetite pelos títulos académicos com o que não significa: o pensamento, o debate, a paixão pelo conhecimento continuam a ser actividades mal-vistas, e quem se atreva a persistir condena-se ao exílio. Profissional, social, amoroso.”
Porque não vejo a intelectualidade como erudição, mas sim como prazer em saber; porque tampouco olho para a cultura como cartilha de conhecimentos a desfolhar no propósito de um brilharete, mas sim como a única ferramenta capaz de potenciar e legitimar raciocínios, o estabelecimento de ideias próprias e alicerçar um espírito crítico; porque convivo diariamente com um exemplo desse exílio – muito provocado, é certo – pela intelectualidade e individualidade; porque me agasto numa selecção diária de informação a consumir; por tudo isto, da próxima vez que me disseres que sou “bué intelectual” ou “cromo”, sou bem capaz de te recordar que quem usa os óculos e o aparelho nos dentes não sou eu, mas tu. Isto muito educadamente, claro está.
Quase tão educadamente quanto o meu silêncio na constatação daquele momento brilhante em que alunos de Comunicação Social mostraram nunca ter aberto um jornal. Mas, lá está, eu sou o intelectual, o “velho”, o chato.
No entanto, uma certeza há: tenho muito mau feitio.
O postal que Paula Moura Pinheiro fez da “Puta de Mensa”, de Woody Allen, em que um mecânico procura prostitutas intelectuais, incorrendo em adultério não carnal, deixou-me imaginando o pequeno Woody, com os seus óculos, a sua figura pitoresca, discutindo atabalhoadamente, gaguejando e em estilo neurótico, literatura de primeira água, contrapondo mulheres louras, altivas, seguras, frias, fatais. Por mais argumentos que esgrima, vejo-o às voltas num quarto de motel, hipocondríaco, perturbado, louco, mas completamente embrenhado, devoto, discutindo intensamente, veloz, caótico, em estridente crescendo, até ao brado, à alucinação, à submissão, clímax, ejaculação, orgasmo, explosão intelectual.
(Se só “Hollywood Ending” me levou, seriamente, a ver Woody Allen, agora é certo procurá-lo. Na película e no papel.)
Mas serviu a “Puta de Mensa” para Paula Moura Pinheiro discorrer sobre o estigma daqueles que ousam cultivar-se:
“Porque em grupos alargados, em locais públicos, não se pode provocar conversas sobre o que se lê ou o que se pensa sem que sobre nós impenda a suspeita horrível da intelectualidade. Em Portugal, dizer-se de alguém que é um intelectual, é insultá-lo do pior. É considerá-lo de uma pretensão intolerável, que tem a mania de se fazer interessante, especial. (…)
Hoje, volvidos trinta anos de intensivo investimento na alfabetização, só a leitura dos rótulos dos produtos de grande consumo parece ter beneficiado francamente. E não se confunda o novo apetite pelos títulos académicos com o que não significa: o pensamento, o debate, a paixão pelo conhecimento continuam a ser actividades mal-vistas, e quem se atreva a persistir condena-se ao exílio. Profissional, social, amoroso.”
Porque não vejo a intelectualidade como erudição, mas sim como prazer em saber; porque tampouco olho para a cultura como cartilha de conhecimentos a desfolhar no propósito de um brilharete, mas sim como a única ferramenta capaz de potenciar e legitimar raciocínios, o estabelecimento de ideias próprias e alicerçar um espírito crítico; porque convivo diariamente com um exemplo desse exílio – muito provocado, é certo – pela intelectualidade e individualidade; porque me agasto numa selecção diária de informação a consumir; por tudo isto, da próxima vez que me disseres que sou “bué intelectual” ou “cromo”, sou bem capaz de te recordar que quem usa os óculos e o aparelho nos dentes não sou eu, mas tu. Isto muito educadamente, claro está.
Quase tão educadamente quanto o meu silêncio na constatação daquele momento brilhante em que alunos de Comunicação Social mostraram nunca ter aberto um jornal. Mas, lá está, eu sou o intelectual, o “velho”, o chato.
No entanto, uma certeza há: tenho muito mau feitio.
domingo, 14 de dezembro de 2003
Caramba, como gosto de o ler!
«Os “hippies” alemães, mais sábios, calaram-se. Mas tinha que haver uma lisboeta, daquelas jovens e irritantes que preferem morrer ou mesmo perder os CDs do Phil Collins a aculturar-se, que logo reclamou, naqueles tons intoleravelmente queques em que “Minha Senhora” soa pior do que “filha da puta”, exortando a zambujeirense a deixar-se de pretensões e a juntar-se ao fim da bicha.»
É um dos meus habituais. Haja alguma coisa que alegre os meus finais de semana.
«Os “hippies” alemães, mais sábios, calaram-se. Mas tinha que haver uma lisboeta, daquelas jovens e irritantes que preferem morrer ou mesmo perder os CDs do Phil Collins a aculturar-se, que logo reclamou, naqueles tons intoleravelmente queques em que “Minha Senhora” soa pior do que “filha da puta”, exortando a zambujeirense a deixar-se de pretensões e a juntar-se ao fim da bicha.»
É um dos meus habituais. Haja alguma coisa que alegre os meus finais de semana.
terça-feira, 9 de dezembro de 2003
O(s) sentimento(s) de um ocidental
Falta um quarto de hora para as nove da manhã mas há já um rol de coisas que me acirram e provocam aquele ardor à boca do estômago. É a chuva, são os grunhos no Metro, é o frio de manhã e uma casa-de-banho sem aquecimento, é aquele compromisso que agora tem lugar sem que eu esteja presente, porque assim o escolhi. E sou eu, sobretudo eu. E este desencontro comigo – que teimo em perpetuar?
Os dias que fui passar fora não ajudaram quanto eu queria. Recordando o que uma leitura habitual me ofereceu esta sexta-feira, “há muito mais coisas que valem a pena do que as pequenas coisas que nos ocupam tempo demais e nos maçam, nos enchem, nos envelhecem sem lógica nem razão.” É assim, realmente. Por isso foi tão bom estar àquela mesa mais uma vez, a teu lado, partilhando a alegria de mais um aniversário que, no fundo – e porque o teu é em Dezembro –, marca mais um ano de amizade. E como sabemos quanto isso é importante. (Ele não esteve, mas soubemo-lo connosco)
Acordei um dia depois e trezentos quilómetros mais a sul, na companhia de uma miúda que tudo me quer e de um alemão que come arenque pela manhã. Na simplicidade de um dia que nasceu bonito, visitei família e fui cheirar o mar, na praia, ao frio. Não faltou o cão nem o jovem casal que mostrava as maravilhas de um quase Inverno ao seu rebento, embarretado até às orelhas. Terminei com um repasto superiormente cozinhado com aquele capricho nórdico, regado com um vinho alentejano de selo alemão – nunca português, porque cá há sempre algum subsídio.
Regressado à urbe, a dependência na prosa electrónica presenteou-me com uma novidade desagradável, que custo a digerir ainda, não sei muito bem porquê – mas trouxe-te o cachecol, não vá ser por isso… Deste-me atenção, ouviste-me, mostraste-te e eu – sem nunca esquecer o contexto e o que isso significa – fui abrindo o meu casaco, deixando entrar o ar e que visses o que trazia vestido. Mas volto a subir o fecho até ao pescoço, porque arrefeceu repentinamente. E porque não te quero resfriada.
São agora exactamente nove e meia da manhã e em cima desta mesa estão os meus cotovelos e o copo de água vazio – a chávena de café, já a ucraniana levou.
Falta um quarto de hora para as nove da manhã mas há já um rol de coisas que me acirram e provocam aquele ardor à boca do estômago. É a chuva, são os grunhos no Metro, é o frio de manhã e uma casa-de-banho sem aquecimento, é aquele compromisso que agora tem lugar sem que eu esteja presente, porque assim o escolhi. E sou eu, sobretudo eu. E este desencontro comigo – que teimo em perpetuar?
Os dias que fui passar fora não ajudaram quanto eu queria. Recordando o que uma leitura habitual me ofereceu esta sexta-feira, “há muito mais coisas que valem a pena do que as pequenas coisas que nos ocupam tempo demais e nos maçam, nos enchem, nos envelhecem sem lógica nem razão.” É assim, realmente. Por isso foi tão bom estar àquela mesa mais uma vez, a teu lado, partilhando a alegria de mais um aniversário que, no fundo – e porque o teu é em Dezembro –, marca mais um ano de amizade. E como sabemos quanto isso é importante. (Ele não esteve, mas soubemo-lo connosco)
Acordei um dia depois e trezentos quilómetros mais a sul, na companhia de uma miúda que tudo me quer e de um alemão que come arenque pela manhã. Na simplicidade de um dia que nasceu bonito, visitei família e fui cheirar o mar, na praia, ao frio. Não faltou o cão nem o jovem casal que mostrava as maravilhas de um quase Inverno ao seu rebento, embarretado até às orelhas. Terminei com um repasto superiormente cozinhado com aquele capricho nórdico, regado com um vinho alentejano de selo alemão – nunca português, porque cá há sempre algum subsídio.
Regressado à urbe, a dependência na prosa electrónica presenteou-me com uma novidade desagradável, que custo a digerir ainda, não sei muito bem porquê – mas trouxe-te o cachecol, não vá ser por isso… Deste-me atenção, ouviste-me, mostraste-te e eu – sem nunca esquecer o contexto e o que isso significa – fui abrindo o meu casaco, deixando entrar o ar e que visses o que trazia vestido. Mas volto a subir o fecho até ao pescoço, porque arrefeceu repentinamente. E porque não te quero resfriada.
São agora exactamente nove e meia da manhã e em cima desta mesa estão os meus cotovelos e o copo de água vazio – a chávena de café, já a ucraniana levou.
terça-feira, 2 de dezembro de 2003
segunda-feira, 1 de dezembro de 2003
É costume ler a imprensa na internet. Contudo, à sexta-feira opto pelas edições impressas: Público, Diário de Notícias e por vezes o El País e uma Heineken num terraço na António Augusto Aguiar. Ao sábado, novamente o DN e fico com leitura para horas. Deste ritual faz também parte uma ‘roller’ vermelha. Aqui ficam alguns recortes, não necessariamente noticiosos.
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«Espanha perdeu o Euro 2004 para Portugal e Portugal perdeu a America’s Cup para Espanha. Portugal constrói dez estádios, Espanha cria 15 mil postos de trabalho. Espanha receberá turistas ricos, Portugal será invadido pela tribo do futebol. Só nos saem duques.»
Diário Económico, 27|Nov|2003 (referido no Público de 28|Nov)
Miguel Coutinho
«Pode haver mais de cem golos em hora e meia. Pode fazer-se história. Pode até mudar o regime, o país e as leis. Ele não desarma. Ele cumpre. Ele é o homem mais sozinho de todos nesta noite em que todos parecem unidos, como se pertencessem à mesma família. Mas eu percebo-o: que raio, ele é o 559. Ele é o português eleito. Ele tem um poder.»
DNa, 28|Nov|2003
Pedro Rolo Duarte
«O corpo não foi autopsiado porque a questão não se colocava. Primeiro, porque há mais de um ano que os seus fiéis esperavam a sua morte. Segundo, e mais importante, porque o homem que morreu, após meses de agonia, chamava-se António de Oliveira Salazar.
(...)
Já a tia Mariquinhas tinha 44 anos e o marido mais de cinquenta. Todos a aconselharam a não ter a criança. Que podia ser perigoso, que poderia nascer aleijadinha, de tudo lhe disseram as amigas. Mas o gosto de oferecer um filho varão ao seu homem, depois de ter dado à luz Marta, Elisa, Leopoldina e Laura, foi muito mais forte.»
DNa, 28|Nov|2003
Luís Osório, num excelente trabalho sobre a casa onde nasceu Salazar
«Quando um português é agraciado por um pôr-do-sol, o apascentado conforto da consciência absoluta de “estar bem” (mesmo quando não coadjuvado por um prévio e enormíssimo charro) tolda-lhe as retinas e provoca-lhe uma lassidão no nervo óptico que o impede de explicar.»
DNa, 28|Nov|2003
Miguel Esteves Cardoso
Apascentado: de apascentar, que é ‘dar pasto (a gado); levar ao pasto; pastorear; doutrinar; deleitar-se; instruir-se’.
«Isto não é uma luta por aumentos salariais, mas sim pelas condições de trabalho»
DN, 28|Nov|2003
Sérgio Monte, sindicalista e funcionário da Carris, acerca das greves que têm afectado a empresa
«Há uma certa tristeza, também porque somos portugueses.»
DN, 28|Nov|2003
Cláudia Tomaz, na entrevista acerca do seu mais recente filme, “Nós”
«Nova Iorque é um clima, uma sombra, é fumo e são cigarros e é nesse labirinto, de bares, ‘coffee shops’ e outros obstáculos (há que contar ainda com os corpos e com o desejo) que se movimenta o predador. Roger, de seu nome, Dodger de alcunha – posto pela mãe, que sabia o que tinha em casa.»
Y, 28|Nov|2003
Vasco Câmara, acerca de “Roger Dodger”, filme que estreou no dia e que está em cena no Quarteto
Zénite: ponto da esfera celeste que, relativamente a cada lugar da Terra, é encontrado pela vertical levantada desse lugar; o ponto mais elevado; auge; fastígio; apogeu; ápice.
«Nunca foi de ideologias, era mesmo só para dar uns tiros e sentir o abismo das noites em que se sai sem saber se há-de haver dia.»
Público, 28|Nov|2003
Eduardo Dâmaso, numa opinião sobre “Os Imortais” e a guerra colonial no cinema e vida portugueses
...«nenhuma outra cidade tem 14 quilómetros sobre o estuário de um rio como o Tejo. Tirem o Tejo, a vista do Tejo, a sua presença próxima e constante, o seu lento e familiar atravessar da cidade, e Lisboa ficará uma coisa sem sentido, um aglomerado urbano caótico, desprovido de personalidade e de alma própria.»
Público, 28|Nov|2003
Miguel Sousa Tavares
«Pentágono mobiliza mais reservistas
Militares na reserva ou da Guarda Nacional, mobilizados esta semana pelo Pentágono: 14.398 para o Iraque; 3060 para o Afeganistão;
Militares na reserva ou da Guarda Nacional, alertados esta semana pelo Pentágono para a hipótese de mobilização:
7899 para o Iraque; 672 para o Afeganistão»
Público, 28|Nov|2003
Nepotismo: posição de relevo, no campo honorífico ou administrativo, dada por alguns papas a pessoas da própria família; favoritismos de certos gvernantes aos seus parentes e familiares.
«Um turista holandês, devidamente interrogado pelo jornalista, deu as suas impressões sobre o país que tinha escolhido para as férias. Em Portugal, gostava das rochas e do mar azul; apreciava a cozinha e os preços baixos; não se lembrava de nenhum nome de um português conhecido; achava que os portugueses trabalhavam demais para o dinheiro que recebiam; e que, sendo simpáticos, viviam sob stress. Terminava o seu depoimento garantindo que queria voltar a Portugal, mas que não gostaria de ver as coisas diferentes, “é bom tal como está”.
Senhor veraneante holandês: pode voltar! Portugal está na mesma!»
Público, 29|Nov|2003
António Barreto, acerca de uma reportagem daquele jornal, de 30|Ago|1995
«Kissinger deveria ser julgado, acusa Christopher Hitchens, um jornalista americano. Só por causa do Chile?»
Público, 29|Nov|2003
Teresa Lago, acerca de uma reportagem daquele jornal, de 02|Mar|2001
«Portugal lidera incidência de HIV na Europa
Portugal é o país da União Europeia com a maior taxa de incidência do vírus da sida. Por cada milhão de portugueses foram registados 76,7 casos de infecção por HIV, entre Janeiro de 1983 e Julho deste ano, dos quais resultaram já 5554 mortes. Isto quando os últimos dados disponíveis revelam que a média comunitária não vai além dos 26,1 casos por milhão de indivíduos.»
DN, 29|Nov|2003
«Sete cinemas chumbados pela DECO (...) sobre segurança contra incêndios e sistemas de evacuação.» São eles o São Jorge, Almada Fórum, CC Colombo, El Corte Inglês, Amoreiras e Mundial.
DN, 29|Nov|2003
Poesia Visual, Oficina da Poesia, Relâmpago, Hífen, Palavra em Mutação, Aquilo, Di Versos, Bumerangue, Inimigo Rumor, Plágio – revistas de poesia «circulando com dificuldades, mais ao sabor de afinidades do que de um circuito de distribuição.»
DN, 29|Nov|2003
Top Livros
Em dez, seis autores portugueses. António Lobo Antunes (2ª posição), António Damásio (3ª posição), Miguel Sousa Tavares (7ª posição), Carlos Fino (8ª posição), Mário Rui de Carvalho (9ª posição) e António Rosa Casaco (10ª posição).
DN, 29|Nov|2003
«Produtividade passa por dar condições» (de trabalho)
DN, 29|Nov|2003
«Comerciantes pedem fim dos anúncios das Finanças» (aqueles em que se incita o consumidor a pedir sempre factura)
DN, 29|Nov|2003
P.S. – Coitadinhos dos comerciantes, que agora são tidos como ladrões... Coitadinhos...
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«Espanha perdeu o Euro 2004 para Portugal e Portugal perdeu a America’s Cup para Espanha. Portugal constrói dez estádios, Espanha cria 15 mil postos de trabalho. Espanha receberá turistas ricos, Portugal será invadido pela tribo do futebol. Só nos saem duques.»
Diário Económico, 27|Nov|2003 (referido no Público de 28|Nov)
Miguel Coutinho
«Pode haver mais de cem golos em hora e meia. Pode fazer-se história. Pode até mudar o regime, o país e as leis. Ele não desarma. Ele cumpre. Ele é o homem mais sozinho de todos nesta noite em que todos parecem unidos, como se pertencessem à mesma família. Mas eu percebo-o: que raio, ele é o 559. Ele é o português eleito. Ele tem um poder.»
DNa, 28|Nov|2003
Pedro Rolo Duarte
«O corpo não foi autopsiado porque a questão não se colocava. Primeiro, porque há mais de um ano que os seus fiéis esperavam a sua morte. Segundo, e mais importante, porque o homem que morreu, após meses de agonia, chamava-se António de Oliveira Salazar.
(...)
Já a tia Mariquinhas tinha 44 anos e o marido mais de cinquenta. Todos a aconselharam a não ter a criança. Que podia ser perigoso, que poderia nascer aleijadinha, de tudo lhe disseram as amigas. Mas o gosto de oferecer um filho varão ao seu homem, depois de ter dado à luz Marta, Elisa, Leopoldina e Laura, foi muito mais forte.»
DNa, 28|Nov|2003
Luís Osório, num excelente trabalho sobre a casa onde nasceu Salazar
«Quando um português é agraciado por um pôr-do-sol, o apascentado conforto da consciência absoluta de “estar bem” (mesmo quando não coadjuvado por um prévio e enormíssimo charro) tolda-lhe as retinas e provoca-lhe uma lassidão no nervo óptico que o impede de explicar.»
DNa, 28|Nov|2003
Miguel Esteves Cardoso
Apascentado: de apascentar, que é ‘dar pasto (a gado); levar ao pasto; pastorear; doutrinar; deleitar-se; instruir-se’.
«Isto não é uma luta por aumentos salariais, mas sim pelas condições de trabalho»
DN, 28|Nov|2003
Sérgio Monte, sindicalista e funcionário da Carris, acerca das greves que têm afectado a empresa
«Há uma certa tristeza, também porque somos portugueses.»
DN, 28|Nov|2003
Cláudia Tomaz, na entrevista acerca do seu mais recente filme, “Nós”
«Nova Iorque é um clima, uma sombra, é fumo e são cigarros e é nesse labirinto, de bares, ‘coffee shops’ e outros obstáculos (há que contar ainda com os corpos e com o desejo) que se movimenta o predador. Roger, de seu nome, Dodger de alcunha – posto pela mãe, que sabia o que tinha em casa.»
Y, 28|Nov|2003
Vasco Câmara, acerca de “Roger Dodger”, filme que estreou no dia e que está em cena no Quarteto
Zénite: ponto da esfera celeste que, relativamente a cada lugar da Terra, é encontrado pela vertical levantada desse lugar; o ponto mais elevado; auge; fastígio; apogeu; ápice.
«Nunca foi de ideologias, era mesmo só para dar uns tiros e sentir o abismo das noites em que se sai sem saber se há-de haver dia.»
Público, 28|Nov|2003
Eduardo Dâmaso, numa opinião sobre “Os Imortais” e a guerra colonial no cinema e vida portugueses
...«nenhuma outra cidade tem 14 quilómetros sobre o estuário de um rio como o Tejo. Tirem o Tejo, a vista do Tejo, a sua presença próxima e constante, o seu lento e familiar atravessar da cidade, e Lisboa ficará uma coisa sem sentido, um aglomerado urbano caótico, desprovido de personalidade e de alma própria.»
Público, 28|Nov|2003
Miguel Sousa Tavares
«Pentágono mobiliza mais reservistas
Militares na reserva ou da Guarda Nacional, mobilizados esta semana pelo Pentágono: 14.398 para o Iraque; 3060 para o Afeganistão;
Militares na reserva ou da Guarda Nacional, alertados esta semana pelo Pentágono para a hipótese de mobilização:
7899 para o Iraque; 672 para o Afeganistão»
Público, 28|Nov|2003
Nepotismo: posição de relevo, no campo honorífico ou administrativo, dada por alguns papas a pessoas da própria família; favoritismos de certos gvernantes aos seus parentes e familiares.
«Um turista holandês, devidamente interrogado pelo jornalista, deu as suas impressões sobre o país que tinha escolhido para as férias. Em Portugal, gostava das rochas e do mar azul; apreciava a cozinha e os preços baixos; não se lembrava de nenhum nome de um português conhecido; achava que os portugueses trabalhavam demais para o dinheiro que recebiam; e que, sendo simpáticos, viviam sob stress. Terminava o seu depoimento garantindo que queria voltar a Portugal, mas que não gostaria de ver as coisas diferentes, “é bom tal como está”.
Senhor veraneante holandês: pode voltar! Portugal está na mesma!»
Público, 29|Nov|2003
António Barreto, acerca de uma reportagem daquele jornal, de 30|Ago|1995
«Kissinger deveria ser julgado, acusa Christopher Hitchens, um jornalista americano. Só por causa do Chile?»
Público, 29|Nov|2003
Teresa Lago, acerca de uma reportagem daquele jornal, de 02|Mar|2001
«Portugal lidera incidência de HIV na Europa
Portugal é o país da União Europeia com a maior taxa de incidência do vírus da sida. Por cada milhão de portugueses foram registados 76,7 casos de infecção por HIV, entre Janeiro de 1983 e Julho deste ano, dos quais resultaram já 5554 mortes. Isto quando os últimos dados disponíveis revelam que a média comunitária não vai além dos 26,1 casos por milhão de indivíduos.»
DN, 29|Nov|2003
«Sete cinemas chumbados pela DECO (...) sobre segurança contra incêndios e sistemas de evacuação.» São eles o São Jorge, Almada Fórum, CC Colombo, El Corte Inglês, Amoreiras e Mundial.
DN, 29|Nov|2003
Poesia Visual, Oficina da Poesia, Relâmpago, Hífen, Palavra em Mutação, Aquilo, Di Versos, Bumerangue, Inimigo Rumor, Plágio – revistas de poesia «circulando com dificuldades, mais ao sabor de afinidades do que de um circuito de distribuição.»
DN, 29|Nov|2003
Top Livros
Em dez, seis autores portugueses. António Lobo Antunes (2ª posição), António Damásio (3ª posição), Miguel Sousa Tavares (7ª posição), Carlos Fino (8ª posição), Mário Rui de Carvalho (9ª posição) e António Rosa Casaco (10ª posição).
DN, 29|Nov|2003
«Produtividade passa por dar condições» (de trabalho)
DN, 29|Nov|2003
«Comerciantes pedem fim dos anúncios das Finanças» (aqueles em que se incita o consumidor a pedir sempre factura)
DN, 29|Nov|2003
P.S. – Coitadinhos dos comerciantes, que agora são tidos como ladrões... Coitadinhos...
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