sexta-feira, 30 de julho de 2004

«… as pessoas estão abananadas…»
Horário nobre na televisão portuguesa e no noticiário da SIC, a repórter, em directo, ao telefone de um local onde um forte incêncio lavrava, proferiu essa fantástica sequência de palavras. Ora, abananar é dar forma ou gosto de banana; aturdir; espantar; perder a energia; aparvalhar-se. É tudo isto, sim senhor. Mas, em jornalismo?

As vagas de incêndios têm esta particularidade, em Portugal: protenciam autênticos atentados ao jornalismo. Quando o país arde, é ver repórteres relatando horrores, em pânico e por isso sobressaltando quem os vê e ouve. Uma autêntica palhaçada. E palhaços são os editores e chefes de redacção que os destacam para aqueles cenários, para fazerem aquele tipo de reportagem. E palhaços são também aqueles ditos jornalistas que, com ou sem experiência, estão para ali fazendo e dizendo parvoíces, dificultando as movimentações, interrogando os populares das formas mais estapafúrdias, tossindo do fumo, louvando o Canadair e a descarga que fez mesmo em cima das suas cabeças vazias e agora molhadas.

Palhaçada: acto ou dito de palhaço; cena ridícula e burlesca; mascarada; grupo de palhaços.

sábado, 24 de julho de 2004

«sabiam que o que faziam nascia do que os desfazia»
Os Lamb vão acabar? Não me surpreende. É pôr cobro a um vazio criativo que há anos sofria, gritava e gemia em discos iguais e secos.

«A relação entre Andy Barlow e Louise Rhodes sempre foi volátil. Altamente instável. Perigosa para quem se encontrava à volta. O "background" musical era muito diverso: o multi-instrumentista vinha da área da electrónica de dança, a vocalista do folk. Ela é dez anos mais velha do que ele. Mas foi da dificuldade de relacionamento e das díspares expectativas estéticas que se construiu uma carreira tão singular como a do duo inglês.» Eurico Monchique, Y

Não se enganem: eu gosto, gostei, dos Lamb. Sobretudo quando os conheci e pela maneira como me chegaram - através de uma remistura dos Fila Brazillia para "Cotton Wool", no The Rebirth Of Cool vol.6, de 1996.

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Aula de jornalismo
"Manual" para uma entrevista: texto e áudio 
Em dia que para mim foi de World Press Photo no CCB e pouco mais, Amália faria anos e Carlos Paredes partiu - recordo-lhe "Verdes Anos" e logo me surge o ferry vagaroso no Tejo, ao fim do dia, de um dia em que lá ao fundo o céu fique alaranjado, atracando no cais da margem norte ou sul, que tanto faz pois a magia é a mesma.

Comprei jornais, dois, mas só lhes li umas poucas páginas. Fica para amanhã.

Durante uma hora e meia vi um clássico.

Noite dentro, cruzei-me com as duzentas e algumas páginas do Programa do 16º Governo Constitucional, aka A Palhaçada. Guardei-o, porque electrónico, mas sem motivo. Não o lerei, não.

Quase no fim de tudo, o arquivo de programas da TSF. Uma pérola! Disponível à distância de um clique e deveras interessante. A explorar.

E hoje soube a pouco *

segunda-feira, 19 de julho de 2004

«A política já tinha batido no fundo - faltava alguém que lhe atirasse terra para cima e nos explicasse  o que vale o nosso voto, o que vale o tempo perdido a ouvir um homem gritar "se eu ganhar eu faço..."»
PRD, DNa
 
Um excelente suplemento de imprensa e alguém que começo a ganhar o hábito de ler... e concordar. 

sábado, 17 de julho de 2004

O objectivo era fazer música, com toda a bagagem de quem já leva uns anos no ofício. O jazz, categorização que se não lhes impõem, veio porque os três gostam do género e porque queriam fazer música instrumental, em parte improvisada. “Esquece Tudo O Que Aprendeste” é o resultado, o disco de estreia dos DEP, colectivo formado pelos músicos portuenses Danim, Eduardo e Peixe. 
» i'm back in the business, here 
 
Nem o epíteto Cool serviu para aligeirar a faixa etária do público que na quente noite de 13 se deslocou ao Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra, para ouvir Jacinta, num excelente concerto no âmbito do Cool Jazz Fest (CJF). 
» and here 

sexta-feira, 9 de julho de 2004

«Mas agora, quando por fim nos disseram que a luz estava ao fundo do túnel, percebemos que a luz era, afinal, a de um comboio em sentido contrário pronto a dar-nos cabo do caminho. (...) Quem vem dentro desse comboio? Aparentemente, todos os que o apanharam em andamento no instante em que Durão Barroso decidiu emigrar. Na política, a arte de apanhar o comboio em andamento é uma habilidade própria de artistas de circo.»
PRD | DNa

domingo, 4 de julho de 2004

30x diazepam 10mg
Volta e meia e é o mesmo. As meias tintas. O costume.

Quando me confronto com isto, o estômago fica vazio, o coração abranda, os olhos param, as mãos apertam-se. Boneco de trapos e uma tesoura de autópsia que me corta e tira toda a espuma que me enche. Espuma de mar, volátil.

As interrogações, são as mesmas. E quantas...

Nada que o tempo não resolva, claro está. Já que não tenho coragem para o fazer. Cobarde.

A coisa que tem que ver com nada mas que acaba tendo que ver com tudo. Extraordinário, o processo, despoletado por uma insignificância material, que se relaciona com um terceiro e um grande prejuizo pessoal. E explicar, ter que descodificar, tentar tornar ligeiramente perceptível o impercebível, suportando-me em argumentos vazios, porque virtuais, mesmo apesar dos discos físicos e de uma caixa de alumínio. E que menor é tudo isto.

sábado, 3 de julho de 2004

one day, some day, what day?

sexta-feira, 2 de julho de 2004

«It's a social thing. It's not like we're drug addicts or something.»

Anything Else, 2003, Woody Allen