terça-feira, 27 de outubro de 2009

E o direito à liberdade, onde fica?
Não tenho especial simpatia pelos “Homens da Luta” mas a segunda detenção que lhes vejo em dois meses, sempre em contexto político, não deixa de me incomodar. Primeiro numa acção de campanha do PS para as legislativas, no Seixal, hoje na tomada de posse do Governo, no Palácio da Ajuda. Na altura não me recordo dos argumentos da PSP, mas hoje a polícia negou que tenha detido os dois humoristas: diz que os levou para a esquadra a fim de os identificar, porque no local não havia condições para tal, depois de terem passado trinta minutos a fazer isto, a uns bons cem metros do palácio, com o fundamento de que estavam a pertubar a cerimónia de um órgão de soberania. E até isto teve de ser a comissária a explicar à Lusa, porque os agentes no terreno não souberam fundamentar o acto de agarrar nos fulanos e os enfiar numa carrinha — nas mãos os bilhetes de identidade.



É realmente o único argumento possível, até tem um crime a condizer na lei, a “perturbação do funcionamento de um órgão constitucional”, a Presidência da República, e ainda se lhe poderia juntar outro, a “desobediência de ordem de dispersão de reunião pública”, com uma pitada de perturbação da ordem pública. Mas nada disto me satisfaz.

O Neto e o Falâncio chegaram ao palácio e foram mantidos à distância por um cordão policial que nunca desrespeitaram nem tentaram ultrapassar. O povo, querendo, podia chegar mais perto. Não perturbaram nenhuma ordem pública, porque tudo correu da forma mais ordeira. Não insultaram, injuriaram ou ofenderam ninguém. Não percebo como terão perturbado a cerimónia oficial — no vídeo da SIC ouve-se a cantoria dentro da sala com aquela clareza porque o microfone do repórter do exterior já está no ar — porque, se se ouvia alguma coisa no salão do palácio, que se fechasse as janelas, que estavam abertas — diz que a sala é pequena e faz muito calor... Não percebo como é que dois tipos a cantar e com um cartaz em punho é uma reunião pública, e por isso não percebo que tenham desobedecido à ordem de dispersão, como também não percebo por que raio terão de dispersar se até já estão a cumprir a distância a que a polícia lhes pediu que guardassem. Não percebo.

Onde é que está o direito à liberdade de expressão? Assim não.

1 comentário:

Anónimo disse...

Ordem de dispersão? A PIDE mudou de nome para PSP?