sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Fantasporto, dia dois — em busca do Castelo do Queijo, fui a Leixões e acabei em Ramalde
A ponte Dom Luís I pode atravessar-se a pé. Ela estremece à passagem do eléctrico no tabuleiro superior, vagaroso, e nós a caminhar ali mesmo ao lado num passadiço em chapa de aço que se precipita não sei quantas dezenas de metros no Douro. Afinal, Gaia e o Porto têm sol e esta é a primeira vez que venho cá nesta altura do ano e não apanho chuva. Mas isso não quer dizer que não se apanhe banhos: vai um mergulhinho no “Delta”?



Esta fita do húngaro Kornél Mundruczó, premiada pela crítica em Cannes, obrigou-me a sair da sala em menos de quarenta dos cem minutos — um festival de cinema é mesmo assim, para mim. A narrativa desenvolve-se de forma lenta, a sobre-representação, quase teatral, fez-me mexer demasiado na cadeira e as trocas de olhar cheias de desejo, carnais e silenciosas, entre irmão e irmã, nem me apoquentavam assim tanto, não fossem elas tantas e tão longas. Acredito na minha intolerância, dado não ter dormido na noite anterior, mas nem o início com a matança do porco me provocou fosse o que fosse. E as sinopses do Fantasporto continuam a ser escritas com os pés: “Na beleza selvagem e tranquila, um labirinto de pequenas ilhas e de canais. O rio, esse, pertence aos aldeãos de uma aldeia isolada do mundo. Um jovem que dali saíra na infância, busca o que resta da família. Descobre a mãe e uma irmã que desconhecia e decide construir uma casa junto ao delta. Um conto belo e trágico de rejeição mas também de amor.” Justiça seja feita: granda banda sonora.

Porto sem chuva é de aproveitar e porque de cada vez que venho cá acima me cinjo sistematicamente aos mesmos lugares, a baixa, a ribeira, a foz e Serralves, desta vez descobri a praça do Marquês de Pombal. É que está mesmo ali, ajardinada e com uma bonita e modernaça igreja, e há lá uma tendinha que não recordo o nome onde a diária, ou o prato do dia para os lisboetas, custa três euros e meio, é grande e muito saborosa, a julgar pelos rojões que comi.

Matosinhos e Leixões conheço como a palma da minha mão... A seca que tu apanhaste é que, enfim... Lá se resolveu depois, entre covas e sinais.

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