terça-feira, 2 de janeiro de 2007

(queria escrever um título mas, sinceramente, não consegui)
Tinha o El País em boa conta. Um jornal sério, de referência, de qualidade, pensei eu até há bocado. É que encontrei — por acaso, pois queria somente espreitar a capa de amanhã — no site do jornal o vídeo integral da execução de Saddam Hussein. Mais: os fotogramas que o jornal escolheu para assinalar o documento são, por demais, explícitos. O El Mundo também disponibiliza o vídeo, embora com link para o Google Vídeo, assim como quem diz «epá, os outros é que têm o vídeo, nós só apontamos o caminho ao leitor», atitude igualmente condenável, para mim. Já o El País fá-lo pelo sistema de vídeos próprio.

Desde que vi o cadáver de Jonas Savimbi fazer capa de jornal em Portugal, em 2002, e porque eu era mais novo, agora não me espanto amiúde. Usar a imagem de um cadáver para provar a morte é usual, na imprensa. Acontece com anónimos, com outros; aconteceu com os filhos de Saddam há dois anos e com o próprio Saddam, agora, para contextualizar.

Mas ao que não posso ficar indiferente e com o que não posso de forma alguma concordar é com a divulgação na imprensa, seja ela de onde for, de um vídeo ou fotografias de um homem pendurado numa forca, de pescoço partido, olhos e boca abertos. Seja quem for esse homem. Daí que — a quente, que este blogue é de instantâneos — condeno o jornal espanhol El País, pela divulgação do vídeo e pelos fotogramas escolhidos para assinalar o dito na primeira página do site e na página onde se pode vê-lo. Não há valores éticos, deontológicos, ou morais? Sequer de bom senso?


Eu divulgo a imagem para fazer prova, porque amanhã ou depois o website estará diferente...

1 comentário:

Anónimo disse...

"Já matámos o porco, só falta o leitãozinho" - seria o equivalente ao que descreves, com o pormenor de estarmos em 1908, e não em 2007!...