sábado, 2 de julho de 2005

Blogar requer tempo e disponibilidade mental. Coisas que têm faltado, por estes lados. Mas como me reconciliei com a vida durante umas horas, fui ao CCB espreitar umas coisas penduradas nas paredes.

A colecção da mostra “Lisboa Photo 2005” patente naquela sala, foi uma desilusão. «É arte, estúpido», dir-me-ão. A mim soube-me a falta de originalidade e pobreza. Um euro e setenta e cinco para o lixo e um arranque em tropeção que dificilmente me levará a visitar algumas das outras colecções, expostas algures na cidade.

A exposição “Espelho Meu, Portugal Visto por Fotógrafos da Magnum” é também – para usar um vocábulo agora muito na moda política cá do burgo – um embuste. As anunciadas três partes (de 1955 até à revolução de Abril, com imagens de Henri Cartier-Bresson, Inge Morath, Thomas Hoepker e Bruno Barbey; durante a própria revolução, com trabalhos de Guy Le Querrec, Jean Gaumy e Gilles Peress; e após 1976 e até à actualidade, com trabalhos de Bruce Gilden ou Martin Parr) de um conjunto de mil fotografias sobre Portugal esquecidas e agora encontradas nos arquivos da agência Magnum, mais não são que um conjunto de três fotos por autor. E as próprias imagens escolhidas não satisfazem. Ficamos à mingua…

Para compôr o ramalhete, «as comissárias decidiram complementar e actualizar esta visão através de novos projectos […] Susan Meiselas, Miguel Rio Branco e Josef Koudelka foram convidados, em 2004, a realizar missões em Portugal […] Meiselas, que nunca antes cá tinha estado, dedicou-se ao Bairro da Cova da Moura». Mas alguém se esqueceu de regar as flores e como por cá parece que vivemos tempos de seca, murchou. Francamente pobre.

O único aspecto verdadeiramente interessante desta exposição é o documentário em projecção na sala intermédia – que, aliás, já passou várias vezes no canal dois da RTP. Um filme que parte da tal descoberta de imagens arquivadas sobre Portugal, e que vai ao encontro daqueles que cá vieram fotografar e filmar, no período de 1974/75. Realmente agradável, rico, esclarecedor até, e importante na medida em que mostra excertos de documentários por demais elucidativos sobre o Portugal pequenino e dos pequeninos – da pequenez? –, mais visível naqueles anos.

Estes filmes, aliás, foram reunidos e editados em DVD pelo Público, aquando dos 30 anos do 25 de Abril. São documentos valiosos. E “Torre Bela”, de Thomas Harlan, deve ser visto.

Portanto, vou fingir que o bilhete que paguei se destinava ao visionamento deste documentário, e que as fotos lá expostas também se dispunham somente a embelezar e preencher o espaço envolvente. Mas vale a pena, então, por isto.

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