Passaram anos sem comprar, folhear ou sequer olhar a primeira-página do Blitz. Hoje larguei o meu euro e levei o jornal comigo para a mesa do café, com o único objectivo de “deixa-me cá ver como é que isto está de saúde”.
(sublinhados meus)
Página seis, com o título «Baile de finalistas», soltei o primeiro suspiro. «A primeira banda do reggae branco deleita um coliseu cheio de público nostálgico» era o sub-título ou super-lead (?), de um texto que passei à frente. Aparte o erro e a imprecisão do super-lead (?), pergunto ao Gonçalo Frota: não havia título mais vazio?
Na página oito, encimado pelo título vazio, morto e nada apelativo «A tua presença», e pelo super-lead «A verdadeira diva da MPB conquistou o Coliseu dos Recreios na primeira de três noites para lançar o novo álbum», estava um texto sobre um concerto de Maria Bethânia. Da peça destaco «…estava rendido a Bethânia desde que ela entra em palco ao som da…», além de duas referências a uma MPB não explicada – apesar de facilmente se conjecturar que seja Música Popular Brasileira – e de duas frases começadas por «E, …». Belo trabalho, Jorge Mourinha.
Na página 10 havia uma reportagem sobre o Festival Tejo. Um redundante «Noites do Tejo» abriu um trabalho de Tiago Carvalho, uma reportagem que tentou ser madura e focar o carácter inter-geracional dos festivais de música da época de Verão. Daí as imensas referências que o jornalista fez à idade dos veraneantes com quem falou: Alexandra, 40 anos; uma senhora de 61 anos; Francisco, 45; Rita, 17; Telma, 21. Pena que o texto não deite uma gota, quando espremido. Lá no meio, assim como que caída do céu, esta construção: «Antes da entrada em palco dos Xutos…».
Na página 20, com o título «O mundo num castelo», que já não comento, encontrei uma peça sobre o Festival Músicas do Mundo e no lead um FMM caído de pára-quedas, mais uma vez.
Parei no cinema, à página 29, num texto de Jorge Mourinha, bem redigido e interessante. Somente saltaram à vista o título rebuscadíssimo «Sexo, drogas e rock’n’roll» e – logo na primeira linha, isto é que é pontaria – uma «Antárctica». Nota positiva, pá. Mas, ou é Antártica ou Antárctida.
É esta a imprensa portuguesa de «música e cultura jovem». Oh dona Rosa, tome lá o jornal de volta e dê-me antes um pacote de pastilhas, se faz favor...
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