VIP – Very Important Photographs
Concentração nos media está na ordem do dia. Por agora muito se escreve, publica e edita sobre o assunto, deveras importante – a revista Media XXI dedica-lhe um dossier central, Elsa Costa e Silva, jornalista do DN, assina “Os Donos da Notícia – Concentração da Propriedade dos Media em Portugal” (Porto Editora), só para exemplificar.
A linhas tantas de um texto da Grande Reportagem de ontem, surgiu-me a vontade de partilhar alguns dados:
O ‘arquivo Bettmann’, colecção de fotografias do alemão judeu Otto Ludwig Bettmann, conservador de livros e negociante de imagens nos idos anos 30, foi comprado pela Corbis Corporation, empresa pertencente a Bill Gates – que também detem a Saba Press, (Nova Iorque; proprietária de um milhão de imagens), a agência fotográfica Sygma (Paris; reúne 30 milhões de imagens) e o departamento fotográfico da United Press International (10 milhões de imagens).
O ‘arquivo Bettmann’ soma 11 milhões de fotografias de valor inquantificável, pois “abarca a arte e a vida do mais importante século da humanidade”. Nele se podem encontrar virtualmente todas as fotografias-marco de que nos possamos lembrar, desde a língua de Einstein, passando por Marilyn sobre um respiradouro do metropolitano, Buzz Aldrin a passear-se na Lua, a cobertura extensiva das duas Guerras Mundiais e do Vietname, assim como um amplo leque documentando os vários presidentes norte-americanos.
O ‘arquivo Bettmann’ está guardado numa antiga mina de calcário, numa montanha da Pensilvânia, 70 metros abaixo do solo, a temperaturas abaixo e perto de zero graus. A Montanha de Ferro, como é apelidado o complexo, “tem serviço de bombeiros próprio, força de segurança armada, sistemas de filtragem de ar e água, desumidificadores gigantes e geradores de electricidade que permitem o funcionamento autónomo do complexo durante, pelo menos, uma semana, caso aconteça alguma coisa à superfície.”
O projecto da Corbis Corporation? Digitalização do monumental arquivo, tendo em vista a sua conservação – espírito missionário – e posterior comercialização das imagens. “A ideia de uma ‘McDonaldização’ da cultura, como lhe chamam, em que pequenas empresas são engolidas por grandes companhias até existirem apenas dois Golias – no caso da fotografia, a Corbis e a Getty Images – é aberrante para muitos fotógrafos.”
E não será?
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