Como gostei que me telefonasses. Parece que sabias, sabes, sempre, quando não estou tranquilo e preciso de te ouvir. E preciso de te ver. No fundo, acho que me conheces melhor que eu próprio. Mesmo que não, certo é que chegas sempre ‘naquela’ hora.
A tua voz, doce, lembra-me logo aquela foto de quando eras pequenina, aquela em que estás desfocada e com uma tremenda flashada na cara, mas onde estás linda, com aquele sorriso tão teu, com os teus olhos grandes e escuros e profundos, com os teus caracóis desalinhados e aquela felicidade que te conheço, estampada no rosto.
Um dia escreveste “és o meu príncipe encantado” e tudo me caiu. “Vamos fugir e ter filhos lindos?”, respondi.
Faz agora um ano, apareceste-me – mais uma vez – quando menos esperava. Estava frio e expliquei-te que o templo de Diana não era grego, mas romano. Jantámos numa rua estreita, enquanto te despiste de dor e sofrimento. Noutra porta, uma cerveja e a Première, ao som de um bom jazz. No dia seguinte, os teus ténis amarelos sobre as folhas caídas na calçada, o americano, a salada, o táxi que te levou ao expresso, um candeeiro partido, um tipo de Rolleiflex e apeado por causa de uma noite de copos. Não tivesses aparecido e quem se tinha estilhaçado era eu.
Tudo começou com um prato de Bacalhau-à-Brás, que nunca te fiz.
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