0 – 373 quilómetros, Tancos, Abrantes, Évora – dia 1
Eu até escrevia um título mas estou demasiado irritado com o portátil PC com que tenho de trabalhar, e que duvido chegue inteiro ao final da campanha – usem um Mac uma vez na vida, só vos peço isso…
Sócrates vai dizendo que não se candidata contra ninguém e que quer é resolver os problemas do país. Ferreira Leite diz-lhe cara-a-cara que as diferenças que os separam são insanáveis e que não há hipótese de entendimento. Louçã começa a fazer contas à vida, consciente do peso que o Bloco de Esquerda terá num futuro arranjo governativo que – sabemos desde há pouco – não passará por um bloco central, e quando as sondagens dão a vitória ao PS, a maioria dos votos aos partidos da esquerda e o BE como terceira força política.
Cauteloso, como as circunstâncias assim obrigam, esta noite, em Évora, Francisco Louçã lá foi dizendo que um Bloco mais forte, sendo fiel à esquerda, vai ajudar a todas as decisões e que isso é que é governabilidade. “O Bloco de Esquerda é governabilidade, é seriedade e é responsabilidade” mas, lá está, sempre sem defraudar as expectativas do seu eleitorado. Admite viabilizar propostas no Parlamento, com acordos pontuais com o partido que ganhar as eleições e for convidado a formar Governo – que Louçã crê que será o PS, embora não o diga – mas com uma condição: as medidas têm de ir ao encontro do que são as políticas do Bloco. Suficientemente ziguezagueante? Lá está.
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3 comentários:
bloco central, jamais!, e eis que o bom louçã fica mais críptico do que a sua sombra críptica.
vamos é ter um grande caldinho na noite de 27.
essa é que é essa e se tiver que ser o Cavaco a desatar o nó, temos o caldinho entornado
Irá ajudar a todas as "boas" decisões, as concordantes com as suas propostas, não é?
As constantes referências ao Alegre é outro aspecto caricatural da sua retórica. Se julgam, com isso, captar a simpatia e o voto das franjas do PS e de eleitores descontentes apoiantes daquele, talvez se enganem. Um dia destes ainda poderemos ver o Alegre a apelar ao voto no PS, em nome do fantasma do perigo da direita... e dos apoios para a sua futura candidatura presidencial.
Não se compreende muito bem a retórica com que pretende apresentar-se como partido do arco do governo e, ao mesmo tempo, a reiterada afirmação de rejeição de acordos, apenas que de incidência parlamentar, com o PS do Pinóquio, para proporcionar alguma estabilidade governativa e mais eficazmente influenciar decisões.
Apresentar-se como partido charneira seria a melhor forma de acalmar eleitores do PS descontentes e de captar o seu voto, que assim teriam menos receios do badalado "perigo da direita", que irá ser o prato forte da campanha, dado o empate anunciado pelas sondagens.
Agora, um aparte: não deixa de ser notório o esforço dos media para apresentarem Ferreira Leite como alternativa credível. A senhora tem milhentas incapacidades, não se safa nos debates, não tem uma ideia para atenuar os efeitos da crise, a não ser a renegociação dos prazos do TGV (que o Pinóquio terá igualmente de adoptar, porque não há dinheiro), demonstra ser mais autoritária que o outro, mas toda a gente tece loas às suas pretensas competência e seriedade, e tal, mesmo quando não se notam, numa insinuação subliminar da incompetência e da desonestidade do Pinóquio.
O coitado disse que formaria um novo governo, com novos ministros, uma verdade de La Palisse, e os jornalistas pegaram na afirmação como se o fulano estivesse a despedir os actuais ministros. E a clarificação que teve necessidade de fazer, para ver se entendiam, foi logo apresentada como recuo, como mudança de posição. Não há-de o coitado ter medo dos media? Safa!
Gostei de ouvir o apontamento sobre o comício de Lisboa. Continuação de bom trabalho.
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