quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Eu até que podia podia trabalhar na cidade onde o miúdo faz xixi
O sumo de laranja do parlamento europeu vem da Oxfam, para um mundo mais justo e sustentável. E não sabe tanto a casca como alguns sumos 100 por cento que se vendem nos supermercados, à base de concentrados onde é a casca da laranja, e não a polpa, quem está em maior concentração. As moças jeitosas também: algumas são jornalistas correspondentes e outras são funcionárias, entre os milhares de pessoas que trabalham nestes dois enormes complexos, a comissão e o parlamento europeus. Há imensas loiras.

É unânime que a União Europeia não chega aos cidadãos e que o principal desafio dos jornalistas que tratam os assuntos europeus é convencer os leitores, os ouvintes e os telespectadores a gastarem o seu tempo lendo, ouvindo e vendo as nossas peças sobre a Europa. Foi isso que me trouxe a Bruxelas e a resposta é apenas uma: só se consegue fazê-lo sendo “muito bom” e com “enorme criatividade”. Isto dito por um correspondente espanhol que ao fim de quatro anos quis deixar de o ser, quando toda a gente está preocupada com o decréscimo da participação nas eleições europeias nos últimos 20 anos.

Nas conversas de alto nível que o grupo manteve com alguns eurodeputados (socialistas) portugueses ficou bem claro que às onze da noite é difícil encontrar aberto um bar minimamente aceitável. Diz que há um, ali à Grand Place, que fica na antiga cave de um banco, onde foi o cofre-forte. Também não há dúvidas que as listas do partido para o parlamento europeu já estão, se não fechadas, pelo menos muito orientadas. Mas foi só sorrisos.

A noite foi de mexilhões, no La Côtelete, que estava vazio de clientes às dez da noite e por isso o empregado nos abordou na rua com uma proposta irrecusável: por doze euros comemos duas entradas diferentes, uma panela de mexilhões com batatas fritas, um gauffre com chocolate para compor e estava tudo bom. A água é que custa o mesmo que a cerveja, ou seja, cinco euros. A bandeirada no táxi, com chamada e na tarifa de dia, é de dois euros e sessenta, menos vinte cêntimos do que em Lisboa — é só esquecer que aqui se ganha três vezes mais do que em Portugal.

À Europa esperam grandes desafios, neste e nos próximos cinco anos. Responder ao apelo norte-americano de cooperação: chegou a hora de os 27 provarem o merecimento da aliança. Resolver a crise económica: as políticas proteccionistas a nível nacional não podem nunca ser a solução, dizem os populares europeus. Barroso reúne um elevado consenso para dirigir a comissão durante mais cinco anos, não obstante os três chumbos que levou, com os referendos à reforma e depois com o “não” de Dublin a Lisboa. Mas o impasse institucional deve, no entanto, ser resolvido em breve, com as concessões já feitas aos irlandeses.

No plenário, sobre Gaza, o liberal democrata — ? — Graham Watson pede, sob aplausos, que o seu compatriota Tony Blair visite Gaza — a guerra já terminou há um mês — e em nome do Quarteto tome uma posição. Ou simplesmente que diga qualquer coisa.

De Bruxelas vi muito pouco. Choveu, fez frio, o hotel era afastado do centro. Passeei pela Grand Place, vi o que vi das janelas do táxi, do autocarro, da comissão e do parlamento. Não comprei, nem comi, chocolates. E o miúdo continua a fazer xixi.

7 comentários:

Bernardo Eça disse...

não tinhas comprado....até teres sido desviado no aeroporto;).

maria disse...

ups!nao reparei que estava a usar a identidade do meu irmão!!

JPC disse...

A bem da verdade, é um facto. Já no aeroporto deixei-me ir pelos corredores do cacau...

E tu foste uma bela companhia :)

Rui Coelho disse...

tenho o puto em versão mini agarrado ali ao frigorifico portimonense, ameaçando urinar a cozinha. bruges ñ envergonha bruxelas?

p.s - cidadão do mundo, e fantas - o convite ta de pé? perdi o telemóvel, e o teu número e aliás todos

Taisa Ferreira disse...

Um achado esse blog!!!Hehehe!

")

sofia disse...

mas que miúdo é esse??

RP disse...

Pois, é que isto de (bem) ir a Bruxelas, tem muita sabedoria! Não foste ao "Delirium" onde tinhas 2000 e tantas cervejas para provar e uma empregada portuguesa a servir? De resto, viste o suficiente de uma das cidades mais aborrecidas que ´já visitei;) beijinho