sexta-feira, 28 de novembro de 2008

A mesa quarenta e dois tem um tampo de madeira que já foi vermelho, a tinta foi descascada pelo uso, pelos anos e pela ponta da tua colher de chá, agora.

Foste tu quem notou. Debaixo do grande espelho aparado por uma moldura foleiramente trabalhada em flores e ondinhas ainda se lê em letras vermelhas meio apagadas pelo tempo “fabrico próprio”. Acho que isto foi uma padaria, hoje é uma taberna moderna e a tua gargalhada ecoou e o casalinho de assistentes de bordo, mesmo ali ao lado, fitou-nos com desdém. Teriam demorado mais se não lhes tivesses atirado a tua careta séria de gozo, ficaram intimidados. Vamos?, mal disfarçando o riso. Vamos, vamos.

(levantar sem arrastar cadeiras, vestir casacos, pagar e receber, abrir a porta para ela passar, apertar casacos que está frio, descendo a travessa)

Vou-te levar a um sítio que tenho a certeza vais gostar. É longe? Não, vai-se bem a pé, porquê? Não quero ir. Então? Então... (passou para a frente como quem barra caminho e atirou-se-lhe ao pescoço) Não podia esperar mais. Ah... Não repitas a graça, se me voltas a morder sem avisar espeto-te a estaca no coração enquanto dormes. (seguiram)

1 comentário:

JPC disse...

www.youtube.com/watch?v=ICp4g9p_rgo&feature=related