sexta-feira, 28 de novembro de 2008

A mesa quarenta e dois tem um tampo de madeira que já foi vermelho, a tinta foi descascada pelo uso, pelos anos e pela ponta da tua colher de chá, agora.

Foste tu quem notou. Debaixo do grande espelho aparado por uma moldura foleiramente trabalhada em flores e ondinhas ainda se lê em letras vermelhas meio apagadas pelo tempo “fabrico próprio”. Acho que isto foi uma padaria, hoje é uma taberna moderna e a tua gargalhada ecoou e o casalinho de assistentes de bordo, mesmo ali ao lado, fitou-nos com desdém. Teriam demorado mais se não lhes tivesses atirado a tua careta séria de gozo, ficaram intimidados. Vamos?, mal disfarçando o riso. Vamos, vamos.

(levantar sem arrastar cadeiras, vestir casacos, pagar e receber, abrir a porta para ela passar, apertar casacos que está frio, descendo a travessa)

Vou-te levar a um sítio que tenho a certeza vais gostar. É longe? Não, vai-se bem a pé, porquê? Não quero ir. Então? Então... (passou para a frente como quem barra caminho e atirou-se-lhe ao pescoço) Não podia esperar mais. Ah... Não repitas a graça, se me voltas a morder sem avisar espeto-te a estaca no coração enquanto dormes. (seguiram)

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Nem tudo o que parece, é.



Mas ele há coisas.
E este disco é. Aqui e aqui também.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

“Vamos cada vez mais sentir-nos perdidos. Perdidos em primeiro lugar de nós próprios. Em segundo lugar perdidos na relação com o mundo. Acabamos por circular aí sem saber muito bem, nem o que somos, nem para que servimos, nem que sentido tem a existência.” S.

O meu cachecol de pura lã virgem
Não teria sido possível mais frio naquela noite de Novembro, a sétima. Como na primeira. Novembro não é mais frio do que na sétima ou na primeira noite. Não é.

Chora-se, no entanto, mais numa do que noutra. Nós o vimos. As lágrimas correm pelo teu rosto e não sei, não sabe, não sabemos, alguém sabe?, o que fazer para as parar. Abraços apertados, o calor que passa através dos casacos fortes de fazenda escura, abraços demorados. As mãos no rosto e os olhos nos olhos, as palavras de amparo ou os silêncios de gargantas doridas, ou sufocadas? Casas fortes que agora balançam sem equilíbrio, como? como? ......... .........Não há como. Também não existe porquê. Como se o amor fosse só isso, e porque o amor não é só isso, porque o amor é. Não duvides nunca, nunca!, que o amor é e não acaba, esse não se esgota. O resto são parvoíces misturadas. Aquelas que fazem sorrir e rir. Sorrir e rir. Como tu.

...

Ver, ouvir, tocar e sentir, dar. Foi o que fizemos e é o que fazes. Conheci o que não sabia, revelei o que não poderias saber. Agora somos menos estranhos na rua.

...

Quando é que vou deixar de querer beijar-te?
Quando é que vou querer deixar de te beijar?
Vou deixar de querer?
Vou querer deixar?
Quer-se deixar?
Deixa-se?
- Vamos dormir.