Apesar da minha resistência, fui convencido a assistir ao filme “Voo 93” (“United 93”, na versão original), fita que aborda o quarto voo desviado a 11 de Setembro de 2001, e que desapareceu nos céus da Pensilvânia. Quem me convenceu deve-me os 4,20eur do bilhete.
A fita de Paul Greengrass não me seduz, cinematograficamente falando. Filmada com câmara ao ombro, de resto como o seu outro “Bloody Sunday”, torna-se incomoda. A técnica pretenderá dar ao espectador a perspectiva de quem está nos locais, seja no avião ou nas múltiplas salas de controlo de tráfego aéreo, partilhando os diferentes dramas. Aliás, todo o filme vive deste pretenso voyeurismo e creio que as audiências se farão disto mesmo.
A insistência no relato do que supostamente se passou nos vários centros de controlo de tráfego aéreo, que sucessivamente foram perdendo contacto com os quatro voos, quando em simultâneo tinham lugar os acontecimentos nas torres do WTC e no Pentágono, poderá querer demonstrar os efeitos da surpresa e uma possível descoordenação entre instituições, desde as autoridades aéreas aos militares.
Mas mesmo aí, como no filme no seu todo, encontro as premissas que aos meus olhos fazem “Voo 93” um folheto de propaganda. Propaganda para a legitimação da “war on terror” que o presidente George W. Bush vem apregoando desde então. Sobre a qual semanalmente discursa — e aqui vale a pena ler a imprensa americana ou inglesa, ver a CNN, BBC ou Sky News para se ouvir os discursos na íntegra, ao invés dos 30 segundos do telejornal português.
“Voo 93”, da mesma forma que “World Trade Center” de Oliver Stone, que nos chegará brevemente, são propaganda.
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