domingo, 17 de setembro de 2006

Não é para se perceber
Grande parte da obra de Almodôvar é de elogio à mulher. “Volver” é mais um. Sim, não é tão bom quanto outros. Mas, ainda assim, é. E tu que o digas, porque gostaste. E se não conheces mais nenhum Almodôvar, resolveremos isso em breve. Basta o mesmo arrojo que teve Raimunda para ensacar Paco. Porque é disso que se trata, é dessa firmeza que são feitas algumas das mulheres que conheço, e é isso que me faz gostar tanto delas. Que têm nos olhos algo mais que já convicção, uma profundidade que não precisa ser literal mas é o caminho mais franco para o coração. Que têm na boca a doçura ou aspereza, tanto faz, de quem saboreia limão sorrindo. Que têm nas mãos, mais do que a beleza ou o aprumo ou por vezes a falta de ambos, um toque suave e sempre cheio, por mais frio que esteja lá fora, que raio. Não é para se perceber.

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