sábado, 17 de setembro de 2005

Vinte e tal euros em revistas, parte I

Business Week
european edition, september 26
4,50 euros / 58 euros assinatura anual

“I’m outta here!” – Why Microsoft is losing some key talent
Gosto da Business Week. Habituei-me a lê-la (irregularmente) faz agora um ano e esta é a segunda vez que a revista me dá um insight sobre os problemas que atravessam algumas das grandes multinacionais norte-americanas. A primeira foi a Coca-Cola e agora a Microsoft do sr. Gates.

A Microsoft atravessa uma grave crise interna. A companhia continua lucrativa, sim senhor, mas apenas cresceu oito por cento no último exercício, o primeiro crescimento de apenas um dígito nos seus 30 anos de história. E são os trabalhadores quem se queixa. De quê? Disto: estagnação da produção, no sentido de falta de inovação; lento desenvolvimento de produto; burocracia em excesso, provocada pela estratégia de sincronismo; desmotivação da massa trabalhadora.

De há uns cinco anos a esta parte a Microsoft tem uma estratégia de sincronismo, ou seja, todos os departamentos – cada produto é um departamento específico, como Windows, Office, MSN, etc – têm que trabalhar em sintonia, para que todos os produtos estejam no mesmo patamar de integração, inovação e até para que as saídas para o mercado não distem muito no tempo. Acontece que quem marca o passo é o departamento Windows. E que esta estratégia de sincronia não é produtiva, porque priveligia uma lógica de manutenção e não de inovação – o que também leva a que os programadores de topo, desejosos de inovação, de criar, acabem deixando a empresa para trabalhar nos concorrentes Yahoo, Google e eBay –, além de óbvias dependências entre departamentos. A Microsoft limita-se a manter o monopólio. Outro dos problemas desta estratégia de sincronia é o tempo dispendido em reuniões entre departamentos, para pontos de situação, aprovação de ideias ou elementos em teste, etc. Isto leva os trabalhadores a pedir autonomia – «dá licença a que eu vá trabalhar, que inove?»

Outra das questões é o fosso salarial entre executivos e engenheiros – cada vez maior e a aumentar, para benefício dos primeiros –, e o corte das stock options a todos os novos funcionários, que apenas recebem o seu salário e nada mais – enquanto 90 por cento das empresas do sector continuam a oferecer opções de compra de acções como complemento salarial e prémio de produtividade. Aliás, a companhia tem cortado nos apoios em doença e compra de medicamentos, e até retirou as toalhas dos balneários – querem secar-se, tragam de casa!

Os trabalhadores queixam-se, igualmente, da falta de tempo para pensar: «like Google, Microsoft should set aside a slice of every employees time so they can think creatively about new business ideas, rather than simply following orders from supervisors», pode ler-se num documento intitulado Ten Crazy Ideas to Shake Up Microsoft, escrito por funcionários da empresa e enviado a Bill Gates.

É nestas coisas que gasto o meu [muito pouco] dinheiro…

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