«Ele [Jorge Sampaio] não percebeu o tipo de gente a que deu posse»
Miguel Sousa Tavares,
in Público 07Out2004
De longe, o melhor que já li, em relação ao XVI Governo Constitucional português.
Mas há mais:
«(...) persistem em Portugal dois males antigos que fazem com que sejamos uma democracia pouco liberal. Primeiro, porque as tentações de os governos controlarem a informação não desapareceram, antes recrudesceram com o actual Executivo, e o império da PT- criado sob o PS, alimentado e protegido pelo PSD - permite ter uma terrível arma de intervenção capaz de condicionar mesmo os grupos privados, na televisão e não só.
(...) um governo acossado e fraco, desorientado e acéfalo, incapaz de resistir à tentação da manipulação e desesperado por não perceber que o mal não está em quem divulga as más notícias, mas em quem lhes dá origem: eles próprios.»
José Manuel Fernandes,
in Público 07Out2004
«Se somarmos a tudo isto o controlo da televisão e da rádio públicas, que já vinha do anterior Governo, as mudanças que se estão a dar nas chefias no grupo Lusomundo dependente da PT, colocando todo seu sector mediático sob o controlo de Luís Delgado, um jornalista cuja promoção não tem outra explicação que não seja o seu proselitismo político, usando instrumentos que o PS preparou com o mesmo objectivo de controlo, o panorama é preocupante. Existem ainda suspeitas de pressões políticas e económicas sobre os grupos empresariais de comunicação, para que se "portem bem", escassamente conhecidas fora das administrações do sector e escapando ao escrutínio público.
(...)
Mais uma vez se verifica que o nosso estado tem uma presença excessiva na comunicação social, que tudo está demasiado partidarizado e que quem tem o poder nunca o cede e usa-o. O PS fê-lo, o PSD está agora a fazê-lo.
(...)
Quando um membro do Governo apela a que a Alta-Autoridade para a Comunicação Social interfira na liberdade de opinião, tal como é expressa numa televisão privada, está a exigir censura do que lhe é incómodo.
(...)
Marcelo é previsível nas suas críticas e nos seus silêncios, nos seus venenos e nos seus ajustes de contas, nas suas verdades e nas suas meia-verdades, só que uma coisa é ter do outro lado alguém convicto do que está a fazer, ou sabendo o que está a fazer, e outra alguém que se desintegra de medo perante o "professor".»
José Pacheco Pereira,
in Público 07Out2004
«(...) convém impedir que quem discorde fale. Já o núcleo do PSD do Norte, constituído, como se sabe, por algumas das maiores cabeças do país (estou a falar do tamanho, claro), tinha vindo mostrar toda a sua indignação com os comentários de Marcelo Rebelo de Sousa. Não basta ser-se do partido do Governo, é preciso aparecer como porta-voz do pensamento do Governo. O que a médio prazo pode levar à esquizofrenia, dado que o Governo tem em si pensamentos diversos, e o próprio Santana Lopes pensa coisas diferentes no mesmo dia (o que mostra como é um espaço de liberdade e pluralismo). Desta vez, temos o extraordinário Rui Gomes da Silva, espaldado por Morais Sarmento num dos seus momentos menos felizes, a começar por exigir que se moderem os comentários de Marcelo Rebelo de Sousa na TVI. Estes comentários são hoje uma verdadeira instituição nacional, e com o apoio de gente desnorteada como o referido ministro (vão lá arranjar "contraditório" para esta afirmação...) arriscam-se a valer tanto como um partido político. Cabeças mais atiladas devem ter explicado, aparentemente com êxito, que afirmações destas não se fazem e que Gomes da Silva estava a criar um caso político onde ele não existia. O que só se compreende porque Marcelo, ao comentar a constituição deste sempre surpreendente Governo, traçou um retrato pouco abonatório deste admirável governante a quem o país tanto deve. O caso veio acrescentar-se ao clima de proibições que se pretende instalar: regulação de horários de discotecas, proibição de mini-saias numa escola de Colares, e agora tentativa de impor a Marcelo um contraditório. E ainda veremos o PSD do Norte propor que cada comentador de um jornal tenha o seu contraditório - que poderá mesmo ser um polícia de serviço.»
Eduardo Prado Coelho,
in Público 07Out2004
(Toda a crónica de EPC está, aliás, deliciosa.)
Não consegui aceder ao DN na internet...
«O director-geral e de informação da TVI [José Eduardo Moniz] tem a esperança de voltar a ter Marcelo Rebelo de Sousa nos ecrãs da estação televisiva. José Eduardo Moniz disse, no Fórum da TSF, que espera que a saída do comentador político seja “um equívoco”.»
in TSF,
07Out2004
«(...) Pedro Santana Lopes transformou o adversário num herói. Criou uma celebridade, vestindo o lobo com pele de cordeiro.»
Raúl Vaz,
in Diário Económico 07Out2004
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