segunda-feira, 7 de junho de 2004

Leituras atrasadas

os Fazedores de Letras #57
«Quando, daqui a 20 anos, comemorar os 50 anos do 25 de Abril ou, daqui a 70, o seu centenário, e deixarmos de ouvir na primeira pessoa a descrição dos acontecimentos, chegaremos à altura em que a Revolução dos Cravos não será mais do que uma data no calendário nacional, com o mesmo peso e importância que têm hoje outros feitos do povo português, como a batalha de Aljubarrota e a Revolução de 1383-85, a restauração da Independência ou a implementação da República.»

e também a entrevista:
«Fornecedor de serviços de comunicação», Álvaro Costa

---------------------------------

Recortes de um habitual
«…30 anos depois, eu já percebi que ser de direita não significa ser fascista, como ser de esquerda não equivale a ser comunista. Há, entre estas duas margens, lugar para o respeito e a democracia. Mais à esquerda ou mais à direita.

…30 anos depois, eu realmente não sou um optimista. Mas sou seguramente menos pessimista do que seria se hoje vivesse num país a preto-e-branco, fechado sobre si próprio, ainda mais tacanho, ainda mais pobre, ainda mais ignorante, ainda mais estupidificado do que é. Este não é o país que sonhei quando acordei para a realidade – mas é certamente melhor que aquele que teria se, há 30 anos, não tivesse acordado um movimento de militares. Uns mais ingénuos, outros mais sabidos, todos com um mesmo objectivo: mudar. Só o verbo já inspira.

…Por tudo isto, 30 anos depois, eu já não tenho ilusões – mas há muito que deixei de ter dúvidas. Mais vale assim. Com revolução, com evolução. Mais letra, menos letra, nenhuma destas palavras é a palavra-chave. Para mim, a palavra é só uma: liberdade. Quem a tem chama-lhe sua. Todos os dias acordo a chamar-lhe minha. E não desisto.»

Sem comentários: